segunda-feira, 26 de maio de 2008

Cambaleando no esquecimento

Colocadas em redor do vale do Brejo, por onde corre a Ribeira de Outeiro de Galegas, as povoações de Arroteia, Outeiro de Galegas e Pousios tentam desbravar os últimos matos da encosta sudoeste da Serra de Sicó.
Com a cidade de Pombal apenas a meia dúzia quilómetros em direcção ao mar, a via rápida IC8 rasga de poluição e insegurança estes lugares, outrora dependentes da antiga estrada nacional 237, que hoje tem o nome de rua principal.
Terrenos de matriz calcária rochosos e argilo-arenosos duros de volver e de baixa produção agrícola, sustentaram alguma a água e era comum existirem “bajancos” e algumas nascentes como a do Vale da Fonte.
Hoje já não há “bajancos” e as nascentes já morreram. Regressar ao passado é impossível mas dar vida às nascentes é um sonho que se deseja realidade.
A rudeza de uma revolução industrial atrasada que à cinquenta anos deixou má memória na tribo, chegou a ocupar mais de trinta que ali tinham o ganha pão. Logo e em somatório a um regime de ostracismo, se criaram condições para a debandada, primeiro para o Brasil, mais tarde para França e ex-colónias.
O abandono foi tal, que os jumentos quase superaram os humanos em número. E jumentos foram os que ficaram, pois com tantas adversidades só teriam mesmo tamanha comparação com animais que rogam por esse defeito da teimosia.
Quadrúpedes já não há, mas a teimosia dos bípedes justica-se pela vontade de sonhar com um futuro mais risonho onde as nascentes voltem a correr e a sucata corra para o destino que a dita lei diz ser o seu.

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